O uso de aplicativos de mensagens (Whatsapp, Telegram e outros) tem se tornado cada vez mais comum e, com isso, alguns golpes também se tornam cotidianos.
Gostaria de comentar sobre alguns dos golpes mais comuns, que, em geral, são tentativas de estelionato, por aplicativos de mensagem.
O primeiro é o clássico “roubo” do whatsapp, pelo qual um criminoso engana a pessoa a informar os 6 dígitos de confirmação em duas etapas. Saiba que ninguém, em nenhum momento (nem mesmo do próprio aplicativo) irá te pedir essa sequência de 6 números. Se pedir, provavelmente tentará ativar o aplicativo em outro telefone.
O segundo é o pedido de dinheiro por meio desses aplicativos. Com certeza você já ouviu falar de alguém que recebeu pedido de transferência por “whatsapp”, transferiu dinheiro, mas, na realidade, era estelionato. Trata-se de uma tentativa de crime muito comum e que, infelizmente, ainda engana muitas pessoas.
A melhor forma de se prevenir é, ao receber pedido de dinheiro de alguém, checar as seguintes informações: 1) o pedido de dinheiro está sendo feito pela própria pessoa? De preferência, ligue para ela, para ouvir sua voz, e confirmar que ela mesma está pedindo; 2) Geralmente, o estelionatário dirá que é um caso de urgência, vida ou morte etc. Ele(a) tentará ser bem convincente e poderá inventar várias histórias, inclusive dizendo que o número de telefone não está funcionando, ou que não pode enviar mensagem de voz, entre outras justificativas. Mas o ideal é confirmar com a própria pessoa (por telefone, chamada de vídeo em outro aplicativo, como Skype, Google meetings, Zoom etc.); 3) a pessoa pede para transferir dinheiro para uma conta dela própria? Se for conta de outra pessoa (p.ex. Almir pede para transferir dinheiro para a conta de Fulano de Tal), a probabilidade de fraude é grande. Mas, não se engane: são possíveis algumas fraudes muito bem elaboradas, em que o fraudador toma o cuidado de abrir uma conta bancária em nome da vítima (p.ex., o fraudador abre uma conta em nome de Almir; ao transferir para a conta, o fraudador geralmente sacará o dinheiro); 4) essa pessoa usualmente te pede dinheiro? Não? Talvez seja melhor pensar se não há algo de errado nesse pedido repentino.
Se eu precisasse pedir algo, em uma situação tão urgente, certamente ligaria para a pessoa, em vez de aguardar uma resposta pelo “Whatsapp”.
Caso já tenha sido vítima de um desses crimes, é bom observar que o rastreio dessas contas bancárias é muito difícil, porque os criminosos utilizam “conteiros” ou documentos falsos, que podem dificultar bastante o trabalho dos investigadores.
O terceiro, do qual gostaria de comentar, é quanto à negociação de dívidas por aplicativos de mensagens, pois já é comum, hoje em dia, o atendimento por esses aplicativos. O problema é saber se você está conversando com uma conta da própria empresa, ou com um estelionatário. E como saber isso?
Bom, existem alguns indícios de que o número é oficial: 1) esse número aparece no site oficial da empresa; 2) a empresa indica haver atendimento por aplicativo (como o whatsapp), no canal “fale conosco”, por exemplo; 3) ao ligar para o SAC, os atendentes informam que aquele número realmente é utilizado por eles para atendimento.
Alguns cuidados: 1) ter certeza de que o site acessado é o site oficial (há muitos golpes com sites falsos); 2) cuidado com pessoas que entram em contato pelo whatsapp dizendo ser da empresa X, porque muitas vezes não são; 3) ainda que a pessoa tenha ou informe todos os seus dados pessoais (muitas vezes o fraudador apenas pede para você confirmar esses dados), vale desconfiar e buscar atendimento pelo número oficial; 4) cuidado com pessoas que pedem para enviar documento pessoal, ou documento com “selfie”, pois podem ser utilizados para abertura de conta bancária digital em seu nome; 5) cuidado com pessoas que oferecem alguma contratação, dizendo que, se não contratar, terá que pagar algum tipo de “multa”. Afinal, não faz sentido receber multa por não contratar, não é? Há contratos prevendo multa, mas nesses casos, o contrato já foi assinado.
Um exemplo ocorreu comigo. Recebi uma “promoção” de uma operadora de internet para “ganhar” um combo de televisão, que parecia muito atrativo. O atendente se identificou por telefone, continuou o atendimento por “whatsapp”, confirmou meus dados pessoais (ele mesmo informou todos, inclusive o endereço de instalação) e, em seguida, me pediu para encaminhar cópia do documento pessoal (RG, CNH etc.), dizendo que precisaria encerrar aquele atendimento em, no máximo 15 minutos, senão eu perderia aquela “promoção”. Desconfiado, liguei para o atendimento da operadora e me informaram que, na verdade, a empresa não procedia dessa forma, ou seja, os atendentes nunca pedem cópia desses documentos. Fui orientado a comunicar o fato por Boletim de Ocorrência e, por sorte, não enviei meus documentos.
Por último, gostaria de ressaltar as várias tentativas de golpes por “links” encaminhados por mensagens de texto de telefone celular (SMS por exemplo), comunicando a necessidade de “atualização do aplicativo bancário”, ou eventualmente o preenchimento de seus dados em alguma página, ou até podendo ser o caso de algum vírus para celular (sim, os telefones contraem vírus, pois são tipos de microcomputadores). É bom sempre estar atento, porque geralmente o atendimento dos bancos não é feito por SMS e, se for, será algum serviço que você provavelmente contratou (há, por exemplo, a mensagem por SMS para compras com cartão de crédito, que já preveniram alguns problemas em meu caso).
Vale sempre o cuidado, pois os criminosos podem ser muito convincentes. Até hoje, não sei se fui ou não vítima de estelionato. Mas, é bom prevenir, pois os danos causados podem ser enormes.